segunda-feira, 29 de abril de 2013

Fórum das Águas no Tancredo Neves

 
Alegria em voltarmos a realizar os encontros do Fórum das Águas nos bairros/comunidades de Manaus! Desta vez fomos ao bairro Tancredo Neves, lugar conhecido[1] pelas suas manifestações públicas contra a precariedade do abastecimento de água e as tarifas abusivas e irregulares da empresa Manaus Ambiental. As últimas manifestações foram reprimidas violentamente pela polícia, demonstrando não somente que o Estado/Prefeitura está alheio às necessidades da população, mas também sinalizando a forma com a qual o povo vem sendo tratado ao se unir para lutar pelos seus direitos. Com efeito, isto se faz mais comum quando se refere às frações mais pobres da população (também chamadas de “classes perigosas”), na medida em que estas se rebelam contra suas precárias condições, não aceitando os efeitos perversos do sistema econômico vigente.
 
Na sua Itinerância, o Fórum das Águas tem se deparado frequentemente com os efeitos que o atual sistema econômico (o capitalismo selvagem) provoca no cotidiano das comunidades: promoção e consolidação de situações de vulnerabilidade social nas vidas daqueles e daquelas que se encontram nas bases da sociedade. Constatamos que a atuação da empresa Manaus Ambiental reproduz esta dinâmica na periferia manauara, para a tristeza das comunidades afetadas e para o infortúnio dos nossos rios e igarapés, receptores dos resíduos domésticos na falta de um esgotamento sanitário.
 
Observamos também que o Estado/Prefeitura representa esta lógica à medida que desloca recursos humanos e econômicos para reprimir as populações afetadas e não democratiza seus mecanismos de atuação (ARSAN), mas coloca-se à disposição da ordem estabelecida e das empresas que visam o lucro. A falta de transparência nas negociações com a iniciativa privada, assim como o favorecimento das empresas nos contratos firmados (4º Termo Aditivo) também contribui para a manutenção do desequilíbrio social na cidade. Por sua vez, o poder judiciário colabora na afirmação deste cenário, negando o seu parecer jurídico sobre os processos encaminhados contra a concessionária responsável pelo abastecimento de água e esgoto.
 
Diante deste contexto desfavorável para as classes mais populares, o Fórum das Águas insiste na importância da mobilização social, convicto de que os contingentes mais pobres serão ouvidos na medida em que se organizarem buscando formar um Estado democrático (sem hipocrisia e demagogia), menos manipulado pelas forças econômicas, sintonizado, no entanto, com as necessidades da população mais vulnerável, representando os interesses coletivos.
 
Sandoval Alves Rocha, 13 de Março de 2013.


[1] Jornal Acrítica, 05 Nov 2012; G1.globo.br, 10 Nov 2012; D24am.com, 17 Jan 2013.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário