O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
Joaquim Barbosa, disse ontem que a Justiça brasileira pune majoritariamente
pessoas pobres, negras e sem relações políticas. No discurso pronunciado em
inglês em congresso da Unesco sobre a liberdade de imprensa, em São José da
Costa Rica, Barbosa criticou a quantidade de recursos possíveis contra
condenações judiciais, atacou o foro privilegiado e a relação entre juízes e
advogados no Brasil. “O Brasil é um país que pune muito pessoas pobres, pessoas
negras e pessoas sem conexões”, disse. “Pessoas são tratadas diferentemente
pelo status, pela cor da pele, pelo dinheiro que têm”, acrescentou. ”Tudo isso
tem um papel enorme no sistema judicial e especialmente na impunidade”,
acrescentou.
Barbosa já havia criticado em sessão do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília, o que chamou de conluio entre juiz e
advogado. Agora, atacou as conversas privadas ou reservadas entre juiz e
advogado sobre os processos. Na avaliação de Barbosa, isso é “antiético” e um problema
cultural brasileiro, que contribui para a impunidade.
Imprensa de direita
Barbosa, afirmou também que os três maiores jornais brasileiros têm
opiniões “mais ou menos” de direita. E reclamou da ausência de negros nas
redações de jornais e tvs do País. Declarou que falta na imprensa brasileira
“diversidade política e ideológica”, o que considerou desvantagem da mídia
nacional ao falar a jornalistas de outros países. “Agora o Brasil só tem três
jornais nacionais, todos mais ou menos se alinham à direita no campo das
ideias”, afirmou, ressaltando que essa era opinião pessoal, não como chefe do
STF. Mas como um “cidadão político, livre e consciente”. Ele deixou de
mencionar expressamente o nome dos jornais. Mas, em outros momentos,
reservadamente, já havia expressado essa opinião em relação a O Estado de S.
Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo.
Barbosa apontou como falha na imprensa brasileira a
ausência de “negros e mulatos” nas redações. “Como muitos aqui devem saber, no
Brasil, negros e mulatos compõem 50 a 51 por cento do total da população, de
acordo com o último censo de 2010”, disse. Acrescentou que não acredita em
democracia perfeita.
Como
Segundo Barbosa, no Brasil, “uma pessoa poderosa pode contratar um
advogado com conexões no Judiciário, que pode ter contatos com juízes sem
nenhum controle do MP. E depois vêm as decisões surpreendentes”.
Fonte:
www.opovo.com.br, 04 de Maio de 2013.
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