segunda-feira, 6 de maio de 2013

Justiça do Brasil pune mais pretos e pobres.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, disse ontem que a Justiça brasileira pune majoritariamente pessoas pobres, negras e sem relações políticas. No discurso pronunciado em inglês em congresso da Unesco sobre a liberdade de imprensa, em São José da Costa Rica, Barbosa criticou a quantidade de recursos possíveis contra condenações judiciais, atacou o foro privilegiado e a relação entre juízes e advogados no Brasil. “O Brasil é um país que pune muito pessoas pobres, pessoas negras e pessoas sem conexões”, disse. “Pessoas são tratadas diferentemente pelo status, pela cor da pele, pelo dinheiro que têm”, acrescentou. ”Tudo isso tem um papel enorme no sistema judicial e especialmente na impunidade”, acrescentou.
Barbosa já havia criticado em sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília, o que chamou de conluio entre juiz e advogado. Agora, atacou as conversas privadas ou reservadas entre juiz e advogado sobre os processos. Na avaliação de Barbosa, isso é “antiético” e um problema cultural brasileiro, que contribui para a impunidade.
Imprensa de direita
Barbosa, afirmou também que os três maiores jornais brasileiros têm opiniões “mais ou menos” de direita. E reclamou da ausência de negros nas redações de jornais e tvs do País. Declarou que falta na imprensa brasileira “diversidade política e ideológica”, o que considerou desvantagem da mídia nacional ao falar a jornalistas de outros países. “Agora o Brasil só tem três jornais nacionais, todos mais ou menos se alinham à direita no campo das ideias”, afirmou, ressaltando que essa era opinião pessoal, não como chefe do STF. Mas como um “cidadão político, livre e consciente”. Ele deixou de mencionar expressamente o nome dos jornais. Mas, em outros momentos, reservadamente, já havia expressado essa opinião em relação a O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo.
 
Barbosa apontou como falha na imprensa brasileira a ausência de “negros e mulatos” nas redações. “Como muitos aqui devem saber, no Brasil, negros e mulatos compõem 50 a 51 por cento do total da população, de acordo com o último censo de 2010”, disse. Acrescentou que não acredita em democracia perfeita.
Como
Segundo Barbosa, no Brasil, “uma pessoa poderosa pode contratar um advogado com conexões no Judiciário, que pode ter contatos com juízes sem nenhum controle do MP. E depois vêm as decisões surpreendentes”.
                  Fonte: www.opovo.com.br, 04 de Maio de 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário