A visita do Papa Francisco para a Jornada Mundial da Juventude, a primeira
viagem internacional de seu pontificado, acontece num momento especial para o
Brasil. Os milhares de fieis que aguardam com ansiedade o evento podem não
saber, mas configuram um novo País: um Brasil menos desigual e com uma
população que vive em condições cada vez melhores, mas um País que ainda
precisa avançar muito especialmente nas áreas básicas.
As principais bandeiras do papa – a erradicação da pobreza e a defesa do
fim da desigualdade social – ainda permanecem como um flagelo a ser superado em
centenas de cidades brasileiras. Apenas 50,6% da população urbana
brasileira são atendidas pela rede de esgoto e somente 34,6% do volume de
esgoto coletado recebe tratamento. Ou seja, mais de 100 milhões de brasileiros
não têm seus esgotos tratados, segundo dados do Instituto Trata Brasil. Embora
a situação esteja mais favorável porque parcelas significativas da população
ultrapassaram barreiras como a da fome e do acesso a bens de consumo, milhões
de brasileiros ainda vivem em condições muito precárias.
Os problemas do saneamento básico são, portanto, um dos principais
desafios nesse sentido e, se não forem vencidos, podem inviabilizar qualquer
evolução social mais significativa. Ainda de acordo com o Instituto Trata
Brasil, as 81 maiores cidades do País despejam, diariamente, 5,9 bilhões de
litros de esgoto sem tratamento algum em solos, rios, mananciais e praias do
país, com impactos diretos na saúde da população. Já no que se refere ao
tratamento e à distribuição de água, dados da entidade mostram que 81,1% da
população de áreas rurais e urbanas recebem água na torneira.
Organização Mundial de Saúde (OMS) menciona o saneamento básico
precário como uma grave ameaça à saúde humana. Combinada com situações de
subnutrição e deficiências na higiene, também ainda muito comuns, a falta de
tratamento de esgotos e de água potável resulta na morte de milhões de pessoas
todos os anos. No mundo, estima-se que 1,5 milhões de crianças de até cinco
anos morram a cada ano vítimas de doenças diarreicas, sobretudo em países em
desenvolvimento. O acesso a uma água de qualidade e um bom sistema de coleta e
tratamento de esgotos faz toda a diferença para afastar essas doenças.
Neste momento de grande comoção nacional por conta da visita do Papa
Francisco, vale fazer uma reflexão sobre esses dados. Temos sim de celebrar
todos os feitos recentes que proporcionaram uma evolução importante para a
população brasileira. Não podemos nos esquecer, no entanto, que a superação da
pobreza não depende apenas do acesso a bens, mas também de infraestrutura e
serviços fundamentais para que essa população possa efetivamente se desenvolver
e contribuir para gerar o crescimento do qual o Brasil tanto precisa.
25.07.2013
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