segunda-feira, 19 de agosto de 2013

FÓRUM DAS ÁGUAS NO JORGE TEIXIERA

No dia 17 deste mês (Sábado) o Fórum das Águas presenciou o evento social no bairro Jorge Teixeira promovido pela Prefeitura Municipal de Manaus. Participaram representantes de várias secretarias municipais (Trabalho, Ação Social, Meio ambiente, etc.) prestando serviços a comunidade, tentando desenhar a face social da atual gestão municipal. Sem tocar nos verdadeiros problemas da cidade, a prefeitura tenta criar um espaço imaginário, onde tudo é festa e alegria.
O bairro do Jorge Teixeira, assim como vários bairros da Zona Leste de Manaus, constitui uma das localidades que mais tem sofrido com a precariedade do abastecimento de água e esgoto na cidade. Este bairro já foi palco de inúmeras manifestações populares denunciando os poderes públicos pela falta de compromisso com o bem-estar da população[1]. O problema do abastecimento já se arrasta por vários anos, sem que os poderes constituídos tomem uma decisão coerente e definitiva. A Concessionária Águas do Amazonas–Manaus Ambiental continua investindo nas partes mais nobres da cidade, onde o retorno econômico é garantido, abandonando as partes mais pobres que apresentam problemas estruturais mais complexos. A nova gestão municipal não assume a prestação dos serviços, nem se posiciona perante a Concessionária, exigindo de verdade o cumprimento das metas estabelecidas no contrato[2]. O poder judiciário não aplica à empresa as penalidades necessárias para a promoção da justiça social[3].
Mesmo assim a prefeitura cria espaços sociais onde procura divulgar uma imagem de comprometimento, oferecendo música e prêmios aos moradores, reproduzindo nos tempos contemporâneos a política romana do “pão e circo”[4]. Os principais problemas da cidade, no entanto, continuam à espera de soluções obrigando a população caminhar nas ruas esburacadas, com esgoto correndo ao céu aberto, padecendo a falta de água, elemento básico para uma sobrevivência saudável.
Diante deste contexto, os movimentos sociais e os protestos de rua insistem em gritar[5] contra a lógica do sistema do capital, que corrompe a sociedade, privatiza os serviços públicos e afasta o Estado de suas atribuições sociais (promover o bem comum). Insistem na esperança que se fortalece diante de acontecimentos cotidianos nos quais se visualiza sinceros gestos de fraternidade e anseios de uma sociedade melhor.
Sandoval Alves Rocha,
19/08/2013



[1] Jornal D24am (16 de Janeiro 2013), Jornal Acritica (27 de Maio de 2013).
[2] Jornal Acritica (02 de Maio de 2013).
[3] Jornal Emtempo (30 de Julho de 2013).
[4] A política do Pão e circo era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio (www.infoescola.com).
[5] O Grito dos Excluídos: 07 de Setembro de 2013, na Grande Circular (Zona Leste de Manaus).

2 comentários:

  1. FANTASTICO!! Parabens pelo artigo que me deixou de boca aberta, de tão direto e forte no uso das palavras. Um artigo "impiedoso" e exigente! Esperamos que um dia (EM BREVE) os responsaveis teram coragem de ouvir. Enquanto isso, a gente vai gritando, reclamando e lutando! No dia 7 de setembro gritarei com vocës!!

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    1. Sim, Ana, vamos continuar gritando, reclamando, exigindo os nossos direitos. Isto é Cidadania!

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