No dia 17 deste mês (Sábado) o Fórum das Águas presenciou o
evento social no bairro Jorge Teixeira promovido pela Prefeitura Municipal de Manaus. Participaram representantes de várias
secretarias municipais (Trabalho, Ação Social, Meio ambiente, etc.) prestando
serviços a comunidade, tentando desenhar a face social da atual gestão
municipal. Sem tocar nos verdadeiros problemas da cidade, a prefeitura tenta
criar um espaço imaginário, onde tudo é festa e alegria.
O bairro do Jorge Teixeira, assim como vários bairros da Zona
Leste de Manaus, constitui uma das localidades que mais tem sofrido com a
precariedade do abastecimento de água e esgoto na cidade. Este bairro já foi
palco de inúmeras manifestações populares denunciando os poderes públicos pela
falta de compromisso com o bem-estar da população[1].
O problema do abastecimento já se arrasta por vários anos, sem que os poderes constituídos
tomem uma decisão coerente e definitiva. A Concessionária Águas do Amazonas–Manaus
Ambiental continua investindo nas partes mais nobres da cidade, onde o retorno
econômico é garantido, abandonando as partes mais pobres que apresentam
problemas estruturais mais complexos. A nova gestão municipal não assume a
prestação dos serviços, nem se posiciona perante a Concessionária, exigindo de
verdade o cumprimento das metas estabelecidas no contrato[2].
O poder judiciário não aplica à empresa as penalidades necessárias para a
promoção da justiça social[3].
Mesmo assim a prefeitura cria espaços sociais onde procura divulgar
uma imagem de comprometimento, oferecendo música e prêmios aos moradores,
reproduzindo nos tempos contemporâneos a política romana do “pão e circo”[4].
Os principais problemas da cidade, no entanto, continuam à espera de soluções obrigando
a população caminhar nas ruas esburacadas, com esgoto correndo ao céu aberto,
padecendo a falta de água, elemento básico para uma sobrevivência saudável.
Diante deste contexto, os movimentos sociais e os protestos
de rua insistem em gritar[5]
contra a lógica do sistema do capital, que corrompe a sociedade, privatiza os
serviços públicos e afasta o Estado de suas atribuições sociais (promover o bem
comum). Insistem na esperança que se fortalece diante de acontecimentos
cotidianos nos quais se visualiza sinceros gestos de fraternidade e anseios de
uma sociedade melhor.
Sandoval Alves Rocha,
19/08/2013
[1] Jornal
D24am (16 de Janeiro 2013), Jornal Acritica (27 de Maio de 2013).
[2]
Jornal Acritica (02 de Maio de 2013).
[3]
Jornal Emtempo (30 de Julho de 2013).
[4]
A política do Pão e circo era o
modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral para
mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio (www.infoescola.com).
[5] O Grito
dos Excluídos: 07 de Setembro de 2013, na Grande Circular (Zona Leste de
Manaus).
FANTASTICO!! Parabens pelo artigo que me deixou de boca aberta, de tão direto e forte no uso das palavras. Um artigo "impiedoso" e exigente! Esperamos que um dia (EM BREVE) os responsaveis teram coragem de ouvir. Enquanto isso, a gente vai gritando, reclamando e lutando! No dia 7 de setembro gritarei com vocës!!
ResponderExcluirSim, Ana, vamos continuar gritando, reclamando, exigindo os nossos direitos. Isto é Cidadania!
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